"Lendas com a letra J"

Jaci

Na mitologia tupi, Jaci é a história da deusa Lua, conhecida como a protetora das plantas, dos amantes e da reprodução. Jaci é uma figura central na cultura indígena e é frequentemente associada à fertilidade e ao ciclo da vida. Jaci é a filha de Tupã e esposa de Guaraci, o deus Sol. Ela é responsável por cuidar da noite e proteger as plantas. Há uma história atrelada à Jaci que explica a criação da planta vitória-régia. Jaci se sentia solitária no céu e, por isso, descia à Terra para levar as indígenas para o céu e transformá-las em estrelas. Uma dessas indígenas, chamada Naiá, desejava ardentemente se tornar uma estrela e passava todas as noites observando o reflexo de Jaci nas águas de um lago. Em uma dessas noites, enquanto tentava tocar o reflexo da Lua, Naiá acabou se afogando. Jaci, ao presenciar o acontecimento, decidiu transformá-la em uma vitória-régia, permitindo que Naiá vivesse para sempre entre a Lua e os lagos, como uma bela flor aquática.



Japeusa

A Japeusa, também conhecida como a “mãe dos peixes”, é uma figura mítica da região amazônica que protege os rios e seus habitantes. Ela era uma indígena muito bonita e vaidosa que desprezava os homens que se apaixonavam por ela e também negligenciava os afazeres domésticos para admirar sua própria beleza no reflexo das águas. Certo dia, enquanto estava às margens do rio, Japeusa foi tragada pelas águas e transformada em uma criatura metade mulher, metade peixe. Tupã, o deus supremo, decidiu puni-la por sua vaidade e falta de compaixão, condenando-a a viver nas profundezas dos rios. Como guardiã dos peixes, ela passou a proteger as criaturas aquáticas e punir aqueles que desrespeitam as leis da natureza.



João Galafuz

João Galafuz conhecido entre os pescadores e homens do mar no estado de Pernambuco, é uma espécie de duende ou entidade sobrenatural que aparece em certas noites, emergindo das ondas ou surgindo dos cabelos de pedras submersas. Ele é representado como um facho luminoso e multicor, muitas vezes interpretado como um prenúncio de tempestade e naufrágios. A crença em João Galafuz é forte nas cidades de Barreiros, na Praia do Porto, e principalmente na ilha de Itamaracá. Esse duende marinho é a alma penada de um caboclo, que morreu pagão, conhecido por João Galafuz. A história também é comum em outros estados, como Sergipe, onde é conhecido como Jean de La Foice, Fogo-fátuo ou Boitatá.



Jurupari

O Jurupari é uma história de um ser comum entre vários povos indígenas da região amazônica e possui diversas versões que o retratam tanto como um legislador quanto um demônio. Jurupari, o Legislador: Nesta versão, Jurupari é o filho da índia Ceuci, que concebeu a criança de maneira milagrosa ao comer o fruto mapati, proibido às mulheres em período fértil. O suco da fruta escorreu pelo seu corpo até suas partes íntimas, e assim foi concebido um menino. Como punição, Ceuci foi expulsa da aldeia. O filho, Jurupari, era na verdade o enviado do Sol (Guaraci), que veio ao mundo para trazer novos costumes e leis para os homens. Jurupari, o Demônio dos Sonhos: Outra versão afirma que Jurupari era um demônio que visitava os indígenas enquanto dormiam, provocando pesadelos e impedindo que suas vítimas gritassem por socorro. Esta interpretação foi estimulada pelos jesuítas e outros religiosos que identificavam as práticas religiosas indígenas como maléficas. Ritual do Jurupari: Além das histórias, há tribos que usam o mito de Jurupari em rituais de iniciação masculina. É o caso da etnia Dessana, que pratica o “Ritual do Jurupari”, onde se toca um instrumento de sopro feito com tronco de paxiúba, uma palmeira amazônica. A cerimônia é um ritual de agradecimento à natureza pela abundância de pesca e louva a sabedoria dos espíritos ancestrais. Neste ritual, está proibida a participação das mulheres. O significado do nome Jurupari varia de acordo com o grupo linguístico dos indígenas, podendo significar “aquele que vem a nossa rede” em referência aos pesadelos que provocava, ou “gerado da fruta” em alusão à sua concepção milagrosa.