"Lendas com a letra M"

Maçone

A lenda do maçone, ou maçonaria, é cercada por mistérios e histórias que se entrelaçam com a realidade e o imaginário popular. A maçonaria é uma fraternidade que existe há séculos, conhecida por seus rituais simbólicos, seus ensinamentos morais e filosóficos, e por promover a fraternidade, a caridade e a busca pela verdade. Uma das lendas mais conhecidas dentro da maçonaria é a do Mestre Hiram, o arquiteto do Templo de Salomão. Segundo a tradição maçônica, Hiram foi assassinado por três companheiros que desejavam obter os segredos mestres da construção. A história de Hiram é usada como uma alegoria para ensinar lições sobre lealdade, integridade e a perda inevitável que acompanha a busca pela verdade. Outro aspecto lendário da maçonaria é a suposta conexão com os Cavaleiros Templários e com símbolos e rituais antigos, como os mistérios egípcios e o culto mitraico. Embora muitas dessas conexões sejam mais míticas do que históricas, elas contribuem para a aura de mistério que envolve a maçonaria. A maçonaria também é frequentemente associada a teorias da conspiração e a ideia de que seus membros exercem influência secreta em eventos mundiais. Essas teorias são alimentadas pela natureza discreta da organização e pela presença de maçons influentes na história. No entanto, é importante notar que a maçonaria é uma organização aberta a homens de todas as raças, religiões e classes sociais, e que seu principal objetivo é o aperfeiçoamento moral e espiritual de seus membros, e não a busca por poder ou riqueza. A lenda do maçone reflete a curiosidade humana pelo desconhecido e pelo poder dos símbolos e rituais em moldar nossa compreensão do mundo. Ela permanece uma parte intrigante do folclore e da cultura popular, inspirando histórias e discussões até hoje.



Mãe de Ouro

A Mãe de Ouro é uma fascinante história popular especialmente em regiões interioranas do sudeste, centro-oeste e nordeste do país. Ela é descrita como uma bela mulher com cabelos longos e dourados, vestindo um traje branco de seda. A Mãe de Ouro pode se transformar em uma grande bola de fogo, capaz de localizar tesouros escondidos ou jazidas de ouro. A habilidade da Mãe de Ouro está em encontrar esses tesouros, mas não para indicá-los aos homens para exploração, e sim para protegê-los. Ela é considerada a protetora dos tesouros e do ouro, bem como da natureza, incluindo rios e montanhas. Sua presença é mais notável durante as noites escuras, sem lua ou estrelas, quando ela percorre os céus em sua forma de bola de fogo. A Mãe de Ouro também cuida das mulheres maltratadas pelos maridos, levando os maridos indesejados para uma caverna onde ficam presos pelo resto de suas vidas, enquanto arranja outros maridos que farão as esposas felizes. Outra história sobre a Mãe de Ouro, é a de um escravo que, exausto de procurar ouro para seu patrão cruel, é ajudado pela Mãe de Ouro. Ela indica onde ele deveria procurar, em troca de fitas coloridas e um espelho. No entanto, após revelar o local da mina sob tortura, um desabamento acontece, matando todos, incluindo o patrão cruel



Mão de Cabelo

Morador do sótão de uma antiga barbearia, em Minas Gerais, é um homem de olhos escuros como jabuticabas, voz aveludada e calma, vestido impecavelmente de branco e sempre de luvas, Mão-de-Cabelo, de olfato apurado, é atraído pelo cheiro peculiar exalado por pessoas que não tomam banho todos os dias. Seduz suas vítimas com galanteios até convencê-las a uma noite de prazeres, e após o ato, retira suas luvas deixando a mostra suas mãos peludas e asfixia seus parceiros com o travesseiro.



Mão Pelada

O Mão Pelada é uma história popular no Vale do São Francisco, no Brasil. O Mão Pelada é um ser híbrido, animal de hábitos noturnos que não possui pele nas mãos, misturado com homem, daí o seu nome. Acredita-se que se ele sugar o sangue de uma pessoa, pode curar doenças como reumatismo e hanseníase. Em algumas narrativas, o Mão Pelada é descrito como um misto de lobo e bezerro, com pelos avermelhados, olhos grandes e esquisitos, e uma pata dianteira encolhida e pelada. Ele é conhecido por vagar pelos campos e matas, e embora sejam raros, há relatos de ataques a seres humanos, o que gera medo nas comunidades rurais da região



Mapinguari

O Mapinguari é uma criatura das mais misteriosas e fascinantes do Amazonas. O Mapinguari é descrito como um gigante peludo, com um olho só na testa e uma boca no umbigo. Para alguns, ele é coberto de pelos e usa uma armadura feita do casco da tartaruga, enquanto outros dizem que sua pele é semelhante ao couro de jacaré. Alguns indígenas de uma aldeia amazônica ao atingirem uma idade avançada, poderiam se transformar em Mapinguari e passariam a viver isolados no interior das florestas. A criatura é conhecida por emitir gritos semelhantes aos dos caçadores, e se alguém responder, o Mapinguari rapidamente vai ao encontro da pessoa, que acaba perdendo a vida. O Mapinguari é selvagem e não teme nem caçador, pois é capaz de dilatar o aço quando sopra no cano da espingarda. Os ribeirinhos amazônicos contam muitas histórias de grandes combates entre o Mapinguari e valentes caçadores, onde o Mapinguari sempre leva vantagem. Há quem diga que o Mapinguari só anda pelas florestas durante o dia, guardando a noite para dormir. Quando anda pela mata, vai gritando, quebrando galhos e derrubando árvores, deixando um rastro de destruição. Outros contam que ele só aparece nos dias santos ou feriados, e que ele só foge ao ver um bicho-preguiça. E outros dizem ter avistado o Mapinguari no final da tarde e noite. O que todos dizem em comum é que é um ser selvagem, gigante e forte, com capcidade para arancar árvores do chão e atirá-las contra suas vítimas.



Matinta Pereira

A Matinta Pereira é uma fascinante história muito conhecida na região amazônica. Ela é uma bruxa velha que se transforma durante as noites em um pássaro de mau agouro. Em algumas versões, Matinta não se transforma à noite, sendo uma velha acompanhada de seu pássaro fiel e agoureiro. Em outras, ainda, é uma velha que durante à noite se transforma em coruja, representando a alma de algum antepassado. A história conta que Matinta Pereira assombra as casas das redondezas durante à noite, momento em que ela se torna um pássaro, o “Rasga Mortalha”. O pássaro pousa nos telhados ou nos muros das casas, emitindo um assobio alto e estridente para os moradores darem conta de sua presença. Matinta costuma aparecer durante a noite ou a madrugada, perturbando o sono das pessoas. Nesse momento, um dos moradores da casa dizem em voz alta que oferecerá para ela o tabaco desejado. Depois de proferida a frase, o pássaro voa dali e vai até outras casas fazer o mesmo. No dia seguinte, com o aspecto de bruxa velha, Matinta vai às casas e recebe o que lhe foi prometido na noite anterior. Se não lhe for entregue, ela amaldiçoa todos os moradores da casa, com doenças ou mesmo com mortes. A maldição de Matinta pode ser passada para outras pessoas. Assim, quando a velha bruxa já está pronta a morrer, ela indaga outras mulheres perguntando somente “se querem”. Se a resposta for positiva, a pessoa carregará essa maldição, passando a ser a Matinta. A origem da história é geralmente associada aos povos indígenas e é considerada uma variante da história do Saci-pererê, sendo descrita como uma velha de uma perna só, que vaga à noite agourando os lugares e assustando as pessoas. O canto estridente da Matinta é associado ao do pássaro Tapera naevia, chamado popularmente de Saci ou Matinta Pereira.



Menina da Figueira

A menina da figueira é uma história comovente que faz parte da cultura popular brasileira. Ela conta a história de uma menina órfã de mãe, que tinha cabelos longos e dourados, cuidados com carinho pela mãe enquanto viva. Após a morte da mãe, o pai da menina se casa com uma mulher que, inicialmente gentil, revela-se cruel e maltrata a enteada. A madrasta, obcecada por figos, obriga a menina a vigiar uma figueira no jardim para impedir que os passarinhos comessem os frutos. Um dia, enquanto o pai está viajando, os pássaros comem os figos e, em um ato de crueldade, a madrasta enterra a menina viva no jardim. O pai, ao retornar e não encontrar a filha, é enganado pela madrasta, que alega que a menina desapareceu. No entanto, o jardineiro ouve um canto triste vindo do jardim, que revela ser a voz da menina enterrada, pedindo para que não cortem seus cabelos dourados. O pai, ao descobrir a verdade, salva a filha e expulsa a madrasta de casa.



Minhocão

A história do Minhocão é uma das mais intrigantes e difundidas no Brasil, especialmente nas regiões onde há rios e lagos. O Minhocão é uma criatura gigantesca, muitas vezes comparada a uma serpente ou uma minhoca de proporções colossais. O Minhocão habita as águas e vem à superfície para assustar e, às vezes, atacar pessoas. Ele é temido por fazer buracos e sulcos pelo chão para prender suas vítimas e se alimentar delas, virar barcos nos rios para comer os tripulantes, e até roubar a pesca dos pescadores. Se confrontado, ele pode se alimentar também de seres humanos. A origem do Minhocão é incerta, mas acredita-se que ele tenha surgido no Brasil e migrado para Portugal. Por ter relatos de sua existência espalhados por todo o país, o Minhocão é uma das hiatórias mais conhecidas e mais difundidas pela nação, mostrando que um povo pode chegar a uma mesma conclusão, mesmo estando distante geograficamente.



Missa dos Mortos

A Missa dos Mortos é uma das mais tradicionais e arrepiantes histórias com registros populares que remontam ao começo do século XX, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. A história se passa em uma pequena igreja ao lado de um cemitério, a Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima. Um sacristão chamado João Leite, conhecido por sua honestidade e dedicação, teria presenciado uma missa incomum. Em uma noite fria, ele ouviu vozes sussurrando a ladainha e, ao investigar, encontrou a igreja iluminada e cheia de fiéis assistindo a uma missa celebrada por um sacerdote. No entanto, ao observar melhor, João Leite percebeu que o padre e os fiéis eram esqueletos, e a porta que dava para o cemitério estava aberta. A história sugere que os mortos não apenas assistem à missa, mas também realizam suas próprias cerimônias. Essa tradição tem raízes antigas, remontando à Europa medieval e até mesmo à Roma Antiga, onde se acreditava que os fantasmas dos parentes mortos se reuniam periodicamente. Em algumas culturas, como a romana e a espanhola, celebrações eram realizadas para espantar os fantasmas errantes dos antepassados. Acredita-se que quem presencia uma Missa dos Mortos pode estar próximo da morte ou receber um aviso de que alguém conhecido morrerá. Outros interpretam como um sinal de longevidade e prosperidade.



Mula Sem Cabeça

A Mula Sem Cabeça é uma das mais conhecidas e assustadoras histórias brasileiras. Ela conta a história de uma criatura que, em lugar da cabeça, tem uma tocha de fogo. A Mula é geralmente descrita como tendo a cor preta ou marrom, com ferraduras de aço ou prata, e seu relincho alto pode ser ouvido a grandes distâncias. Existem diferentes versões da história, mas uma das mais comuns diz que se uma mulher mantivesse relações amorosas com um padre, ela seria castigada e transformada na Mula Sem Cabeça. Esse encantamento acontecia nas noites de quinta-feira, quando a mulher se transformava na criatura e corria em disparada pelas matas e campos, lançando fogo pelo pescoço. Com as patas, a Mula despedaçava os animais e as pessoas que surgissem em sua frente. O encantamento só desaparecia no terceiro cantar do galo, momento em que a mulher voltava à sua forma normal, geralmente exausta e ferida. Para acabar com o encantamento, alguém deveria arrancar os freios da Mula ou furá-la com algum objeto pontiagudo para tirar-lhe sangue. A origem não é originalmente brasileira. Provavelmente, ela veio dos povos da Península Ibérica e foi trazida para a América pelos portugueses e espanhóis. No Brasil, se espalhou pela área rural, pela zona canavieira do Nordeste e pelo interior do Sudeste do país. A Mula Sem Cabeça também apareceu em histórias infantis, como no livro “Histórias de Tia Anastácia”, de Monteiro Lobato, onde ela é uma das figuras do folclore brasileiro mencionadas, ao lado de personagens como Saci Pererê, Curupira, Iara, Boitatá, Cuca e Lobisomem.



Mulher do Demônio

A mulher do demônio é uma história que varia muito de acordo com a cultura e o contexto. No entanto, muitas dessas histórias compartilham um tema comum de uma mulher que se transforma ou é possuída por um espírito maligno, adquirindo poderes sobrenaturais e uma natureza demoníaca. Por exemplo, na tradição japonesa, existe a história de Hannya, que se refere a mulheres humanas que foram transformadas em demônios no final de suas vidas ao serem consumidas pelo ciúme e pela raiva. Esses demônios aparecem em três graus básicos, sendo o primeiro mais semelhante a uma mulher humana e o último, já tomado pelo ódio, completamente entregue à agressividade e às trevas. Outro exemplo é a figura de Lilith na mitologia mesopotâmica, que era associada à figura de um demônio noturno do sexo feminino. Nesta cultura, a criatura sombria simbolizava o vento e, por isso, tinha sua imagem relacionada a pestes, mal-estar e à morte.